Essa
semana, algumas noticias na TV me chamaram a atenção. Infelizmente notícias que
se repetem à cada dia. Violência e agressividade dentro de salas de aula, atos
de vandalismo, quebra-quebra em escolas, provocado por alunos que deveriam
preservar o seu lugar de estudo, violência provocada por pessoas da mesma
família, entre tantas outras notícias da mesma linha.
E isso me
levou à refletir sobre uma palavra – LIMITES – e à uma pergunta – QUE FILHOS
ESTAMOS CONSTRUINDO ?
Segundo especialistas, Limites
são regras ou normas de conduta que devem ser passadas para as crianças desde a
primeira infância, pois, a imposição de limites é parte essencial da educação
de uma criança, o que possibilita melhor equilíbrio quanto ao seu
desenvolvimento moral, psíquico, afetivo e cognitivo, organizando suas relações
sociais.
Ao colocar regras para as
crianças, as preparamos para a vida real, onde nem tudo acontece do jeito e na
hora que se quer.
Para os estudiosos do comportamento
humano, os limites são importantes para a formação da personalidade. São eles
que vão ajudar a criança a desenvolver a capacidade de suportar as frustrações.
Um dos mais conceituados
especialista em educação de filhos, o psicólogo americano Laurence Steimberg,
costuma dizer que as crianças devem ser apresentadas ao conceito de limites
desde muito cedo, para que se tornem indivíduos bem adaptados ao mundo adulto.
É sabido que bebês que são
criados sem disciplina, tendem a tornar-se adolescentes e adultos que não sabem
adiar seus desejos, tendo dificuldades em lidar com seus próprios impulsos e,
até mesmo, com a realidade.
A falta de limites pode provocar
desgastes na relação familiar, excesso de punição e sentimento de culpa nos
pais.
A birra da infância, pode
transformar-se, mais tarde, em agressividade, violência ou depressão.
Atualmente, as famílias estão
passando por uma crise, onde a passagem da opressão da liberdade que era o
modelo de educação que se tinha, um modelo cheio de privações, vem sendo
substituído por um modelo baseado na liberdade, onde satisfazer os desejos e
vontades dos filhos é a norma, a fim de compensar a ausência em casa, não
participando diretamente na rotina dos
filhos na hora de corrigir e orientar.
A insegurança dos pais modernos
tendem a valorizar aos mínimos desejos dos filhos, saindo de um extremo para
outro – onde os filhos não tinham nenhum direito para outro onde os filhos têm
todos os direitos e ditam as normas.
Alguns problemas
nesse modelo foram encontrados por especialistas, que pioram a educação que os
pais dão para as crianças atualmente.
O fato do pai e da
mãe sempre evitar que seus filhos fiquem frustrados, é um deles, que é quando
ele é super protegido de tudo e de todos.
O consumo de produtos
excessivo é outro, pois tudo o que os filhos desejam de novidade os pais
compram.
Levam-nos a todos os
lugares que querem ir, só para satisfazer a vontade, e assim os pais acham que
ficam mais amigos e mais próximos, quando na verdade, deveriam preencher a
vontade deles com boas escolhas e procurando formas de desenvolver a sua
criatividade.
A super-proteção e a satisfação
de todos os desejos, longe de ser o melhor que os pais fazem pelos filhos, na
verdade, com esse comportamento, os pais tiram dos filhos a oportunidade de
crescerem, não permitindo que eles sejam expostos às frustrações e perdas, que
são situações inevitáveis na vida.
Hoje, até uma palmada não se pode
mais aplicar à um filho, pois, segundo novas leis, isso é considerado agressão,
e, em conseqüência desse ato, seu filho se tornará uma pessoa violenta no
futuro.
A prerrogativa de que uma criança que recebe
uma palmada se tornará um adulto violento parece pouco consistente, pois,
dificilmente uma criança se torna violenta por causa de uma palmada, mas sim
por ser espancada violentamente.
Pais que não sabem diferenciar um
espancamento de uma palmada devem, esses sim, serem encaminhados para
responderem pelos seus atos.
Na Espanha, paia que
também aprovou a Lei da palmada, os filhos que agridem os pais física e
psicologicamente são um problema para a Justiça do País. Segundo a Procuradoria
Geral do Estado, 8 mil pais denunciaram seus filhos no último ano. O número
mais que triplicou desde 2007.
E,
mesmo com essa crescente de denúncias de pais contra as agressões dos próprios
filhos, estima-se que somente um a cada oito pais agredidos lutem na Justiça
contra seus filhos. "Denunciar é difícil. É reconhecer que não se consegue
controlar um adolescente, que não se colocou limites. E fica a culpa, a vergonha
e o medo de tudo continuar sem solução", desabafa a presidente da
Associação de Famílias pela Convivência (Afasc), uma organização anônima, e que
prefere não ser identificada.
Talvez, voltando para a nossa
realidade, Em vez de proibições e Leis, surtisse mais efeito trabalhar valores
morais e éticos, e sobretudo o respeito. Palavra que anda muito fora de moda.
Para estudiosos das
mudanças comportamentais na família, 80% das crianças dos anos 80 recebeu dos
pais uma palmada. A educação era rigorosa e voltada para o respeito ao mais
velho e ao próximo.
Palavrinhas mágicas
como: Bom dia, boa tarde, com licença, a bênção pai, benção mãe eram percebidas
com facilidades no meio das crianças. As reuniões em famílias, em volta da mesa
também, o diálogo era comum.
Dificilmente se via
no noticiário que filho matou pai ou vice-versa. Tudo consequência de uma
educação de pulso firme, baseada em um pilar chamado família.
Para esses
estudiosos, O valor ‘família’ está sendo deixado de lado e isto é refletido na
educação de filhos.
A sociedade presencia
uma geração de adolescente altamente violenta, bem diferente da geração, que
tinha temor pelos pais, pais que eram exemplo de respeito e caráter. Quando era
comum compreender uma ordem com um simples olhar.
Infelizmente hoje não
é mais assim. As crianças crescem com uma liberdade descomunal, crescem com
pais que perderam, de certo modo, os valores de família, que hoje não é mais a
base da sociedade.
Como conseqüência, vemos estatísticas como:
No ano passado, a rede pública de Saúde da
região do Grande ABC atendeu, em média, dois adolescentes e crianças com
problemas de drogadição por dia. Ao todo, 705 pacientes com até 18 anos deram
entradas em unidades especializadas; em 2010, foram 636 acolhimentos. O aumento
foi de 11%.
Apesar de não haver levantamento específico,
os conselhos tutelares da região também observam aumento da procura de pais por
ajuda para filhos envolvidos com drogas. Geralmente, segundo os conselheiros,
as famílias recorrem ao órgão em busca de apoio quando estão desesperadas.
Estudos salientam que as crianças
que são criadas em ambientes pobres nos quais os pais são apoiadores, tendem a
apresentar menos comportamentos delinquentes do que as crianças igualmente
pobres de famílias menos apoiadores em relação ao aspecto emocional.
Logo, não
é a condição socioeconômica que determina as predisposições a comportamentos
deliquentes, mas sim a presença ou ausência do apoio emocional da parte dos
pais para com seus filhos.
Especialistas listam
alguns dos principais erros dos pais na hora de impor limites:
Fazer ameaças que não
podem cumprir;
Recompensas por
atitudes que deveriam ser a regra;
Elogios
Dar ordens não
claras;
Falta de consenso
entre pais e mães;
Falta de firmeza na
ordens dadas;
Se prolongar demais nas
explicações
E o que fazer ?
Existe uma fórmula
para impor limites de forma mais correta ?
Talvez não. Talvez o
mais importante seja que cada pai, cada mãe, encontre a sua maneira mais
correta.
O ideal
seria que as famílias apresentassem uma maior flexibilidade para aceitar e
adaptarem-se as mudanças sociais sem perder de vista, valores firmes.
Uma boa
interação familiar propicia um desenvolvimento mais saudável aos adolescentes e
crianças.
É importante os pais
saberem que os filhos não vão deixar de amá-los porque receberam um não. Muito
pelo contrário, vão se sentir protegidos, vão criar o sentimento de que os pais
se importam com eles.
Até porque, segundo
um dos psiquiatras mais conhecidos do País, se os pais forem liberais em
excesso podem errar por deixar os filhos muito soltos, se os pais forem mais
próximos dos filhos, podem errar por não lhes deixarem tomar as próprias
decisões. Então, de um jeito ou de outro, os pais sempre estarão sujeitos à
errarem.
Dessa forma, talvez,
o mais importante seja procurar fazer o seu melhor, sabendo que não vai perder
o amor do seu filho por se importar com ele.
Baixe o áudio desse programa, que foi ao ar no dia 20.09.2012. Parte 2
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